Com alta de 30,3% em 12 meses até outubro, a energia elétrica segue como um dos itens de maior pressão no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Da inflação acumulada no período, de 10,67%, os reajustes na conta de luz respondem por 1,3 ponto percentual.
Pelo país, no entanto, o encarecimento da energia varia entre 18,2% em 12 meses até outubro em Campo Grande a 39,1% em Vitória, segundo levantamento de Fábio Romão, da LCA Consultores. O recorte em 12 meses foi utilizado para suavizar a sazonalidade dos reajustes periódicos realizados pelas distribuidoras em cada região.
Para calcular o IPCA, a inflação oficial do país, o IBGE pesquisa uma cesta de consumo em 16 regiões metropolitanas.
São Paulo e Rio de Janeiro, com maior peso na composição do IPCA, acumulam aumentos de 35,7% e 26,4% na energia, respectivamente, em 12 meses até outubro.
Desde setembro, a conta de luz tem sido mais pressionada com a implementação da bandeira “escassez hídrica”, cobrança extra adotada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para desestimular o consumo em meio à crise hídrica.
Mas a bandeira não é o único fator a pesar para o custo residencial de energia. Periodicamente, as distribuidoras realizam reajustes da tarifa, em datas diferentes e previamente estabelecidas. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, a Enel anuncia os novos valores em julho, enquanto a Celg, em Goiânia, aplica o reajuste em outubro. Não por acaso, Goiânia registrou, entre setembro e outubro, a maior variação da energia entre as regiões pesquisadas, de 5,34% – na média brasileira, o reajuste foi de 1,16%.
Na média brasileira, a taxa acumulada de 30,3% em 12 meses até outubro da energia representa o maior nível do ano. A conta de luz rompeu os dois dígitos, no acumulado em 12 meses, em maio deste ano, quando atingiu 11,6%, de uma alta de 5,3% em abril.
No fechado de 2021, porém, a tarifa residencial deve desacelerar a alta para 21,3%, projeta Romão. Isso deve ocorrer por causa da alta base de comparação com dezembro de 2020, período em que já estava em vigor a bandeira vermelha patamar 2.
Para 2022, a LCA projeta alta de 6,3% da energia. “A Aneel aponta que, em média, o reajuste por distribuidora será de +16% no próximo ano. Ou seja, o desconto oriundo da transição da atual bandeira “escassez hídrica” para vermelha 1 tira cerca de 10 pontos da tarifa, por isso nossa expectativa de +6,3% no acumulado de 2022”, explica ele.
(Fonte: Valor Econômico)

